Kenji Miyazawa (1896-1933) foi um escritor japonês que se destacou por sua poesia e prosa altamente criativas e imaginativas. Ele nasceu em uma família de classe média em Iwate, no norte do Japão. Miyazawa escreveu em japonês moderno, usando um estilo poético que era incomum para a época. Sua obra é caracterizada por um profundo amor pela natureza, preocupação com a justiça social e um comovente respeito pela vida. O autor tornou-se muito popular no Japão após sua morte, e sua obra continua a ser lida e apreciada até hoje. Ele é considerado um dos mais importantes escritores do Japão e uma inspiração para muitos escritores contemporâneos. Se você ainda não conhece a obra de Miyazawa, vale a pena explorar sua escrita única e cativante.
O seu poema mais famoso "Ame ni mo makezu"/ "Não se deixe abater pela chuva" foi escrito em 1932, enquanto lutava contra uma doença pela qual veio a falecer.
Disponibilizamos aqui uma tradução feita por Lina Saheki, numa iniciativa da editora Centro Ásia. @editoracentroasia
雨にも負けず (Não se deixe abater pela chuva)
poema de Kenji Miyazawa
Não se deixe abater pela chuva Não se deixe abater pelo vento E nem pela neve ou pelo calor do verão Cultivar um corpo saudável Livre de desejos Sem se irritar Com um permanente riso sereno Consumir quatro tigelas de arroz integral por dia e um pouco de missô e vegetais Considerar tudo Esquecendo-se de si mesmo Observar e ouvir atentamente, compreender sem nunca se esquecer Ir até a pequena cabana coberta de palha à sombra dos pinheiros no campo E se houver uma criança doente no Leste cuidar para que ela se restabeleça Se houver uma mãe cansada no Oeste ajudar a carregar seu fardo de arroz Se houver uma pessoa prestes a morrer no Sul dizer-lhe que não há nada a temer Se houver brigas e litígios no Norte dizer que aquilo é uma perda de tempo Chorar na época das secas Andar de um lado para o outro no frio do verão Chamado de inútil por todos Sem receber elogios Sem que ninguém se importe Alguém assim é o que desejo ser | 雨にもまけず 風にもまけず 雪にも夏の暑さにもまけぬ 丈夫なからだをもち 慾はなく 決して瞋らず いつもしずかにわらっている 一日に玄米四合と 味噌と少しの野菜をたべ あらゆることを じぶんをかんじょうにいれずに よくみききしわかり そしてわすれず 野原の松の林の蔭の 小さな萱ぶきの小屋にいて 東に病気のこどもあれば 行って看病してやり 西につかれた母あれば 行ってその稲の束を負い 南に死にそうな人あれば 行ってこわがらなくてもいいといい 北にけんかやそしょうがあれば つまらないからやめろといい ひでりのときはなみだをながし さむさのなつはおろおろあるき みんなにでくのぼうとよばれ ほめられもせず くにもされず そういうものに わたしはなりたい |
Comovente, profundo, lindo. Preciso aprender a ser.
Um dos poemas mais lindos que já li. Resume tudo o que gostaria de ser e não sou. Obrigada por traduzí-lo, Lina!